Josie (S&P)

Disciplina: Semântica & Pragmática



Proposta de atividade vinculada a disciplina semântica e pragmática realizada em 2015, elaborado pela aluna Josie M Rocha, com orientação da professora Deborah Gomes de Paula e a coordenação da professora Joana Ormundo, do curso de Letras (licenciatura) - Campus Vergueiro, UNIP, São Paulo.

AUTO RETRATO (31/10/2015)


INVICTUS 
Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.


In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.


Beyond this place of wrath and tears
Looms but the horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.


It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul
.

William E Henley

Poetry Foundation. Poema Invictus. Disponível em: <http://www.poetryfoundation.org/poem/182194>. Acesso em 31 de outubro de 2015.

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Diário de bordo 01/11/2015
RUSSELL B.  Esforço e Resignação. In_____________. A Conquista da Felicidade. Edição especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira - Saraiva de bolso, 2012. p. 172-179.



Quero começar este diário de bordo com o trecho que mais me chamou a atenção neste capítulo:
"O sábio, embora não permaneça parado diante das desgraças evitáveis, não gastará mal seu tempo e suas emoções com as inevitáveis e, inclusive, tolerará algumas desgraças evitáveis, se, para evitá-las precisar do tempo e da energia que prefere dedicar a fins mais importantes. Muitos se impacientam ou se enfurecem diante do menor contratempo, e, dessa forma, desperdiçam grande quantidade de energia que poderia ser empregada em algo mais útil". (p. 175)
Este trecho abora uma caraterística importante da minha personalidade. Sempre fui muito ansiosa, principalmente nos aspectos pessoais de minha vida. E a incapacidade em controlar esta ansiedade me gerou um transtorno resultando em Transtorno Obsessivo Compulsivo.
A ansiedade nos impede de viver exatamente aquilo que constrói nosso futuro: o presente. O ansioso vive constantemente num futuro inexistente e a perspectiva desta idealização de um "tempo presente" diferente (e melhor) do que aquele que efetivamente estamos vivendo gera uma angústia constante, um permanente estado de vigília ao menor indício de que a idealização finalmente acontecerá. Assim é fácil perceber quando o autor diz sobre a perda de tempo e energia. Perde-se muito mais que isso. Perde-se a vida. 
Após um difícil tratamento pude perceber o tamanho do vórtice de energia que concentrava em mim mesma, vivendo num (imenso) esforço em manter tudo sob controle, em prever tudo que estaria por vir; contando com a (improvável) benevolência divina em trazer os acontecimentos de minha vida do jeito que eu havia imaginado/criado em minha mente... 


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Diário de bordo 02/11/2015
RUSSELL B.  Esforço e Resignação. In_____________. A Conquista da Felicidade. Edição especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira - Saraiva de bolso, 2012. p. 172-179.



Resignação: conformar-se.
Esforço: coragem, valentia, ânimo.

"(...) a felicidade precisa ser uma conquista e não uma dádiva dos deuses; e, nesta conquista, o esforço (...) desempenha um papel importante". (p. 173)

Felicidade, pra mim, é:
- estar recuperando minha saúde
- realizar alguns sonhos
- sonhar outros...
- saber que tenho o suficiente para viver bem
- olhar para trás e ver que sobrevivi ao inferno da quimioterapia
- ser quem eu sou.

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Diário de bordo 03/11/2015
RUSSELL B.  Esforço e Resignação. In_____________. A Conquista da Felicidade. Edição especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira - Saraiva de bolso, 2012. p. 172-179.




"Aquele que conseguiu se livrar da tirania das preocupações descobre que a vida é muito mais alegre do que quando está perpetuamente irritado." (p. 178)

   Eu acredito em coincidências. De verdade.  Ontem eu escrevi que ser feliz é ser quem eu sou e hoje, ao escolher um novo trecho para postar neste diário, abrindo aleatoriamente as páginas do capítulo em questão, eis que ponho meus olhos exatamente neste trecho previamente grifado. 
Não é nada fácil ser quem nascemos para ser. Creio que em primeiro lugar devemos nos fazer a mais clichê pergunta já feita: quem sou? Seguida por: o que quero? Para somente então questionar: para onde vou?
   Demorei muito tempo para ter coragem de por os olhos dentro de mim, com certeza por muito medo de não gostar do que poderia encontrar. É, encontrei muita coisa esquisita, torta, indefinida. Olhando com mais calma também vi um pedaço que mim que não era tão ruim assim. Bem dizendo, tem lá, amedrontado por tantos sentimentos ruins, uma ou duas qualidades das quais devo dizer, tenho orgulho de tê-las. Não, não direi aqui quais qualidades e defeitos possuo. Nem a proporção de cada. Mas direi que fazer esta "leitura interna" foi uma lição de vida. 
   Assim que soube enfrentar meus defeitos e apreciar as qualidades, passei para a próxima etapa: o que quero? E tive uma epifania (ok, pode ser um exagero). Descobri que quero muito pouco. Percebi que achava que queria, quando na verdade cobiçava. Pesado não? Há uma tênue diferença enter querer e cobiçar, ao meu ver. A cobiça não traz nada de bom pois te faz querer somente pelo desejo, ciúmes e inveja. Por outro lado, entendo que querer algo te faz sair da zona de conforto e lutar pelo objeto do desejo. Então você passa a querer algo que valha a pena, já que demandará muita energia. Quando digo que quero pouco, não pense que isso assemelha-se a falta de ambição. Ao contrário! Tenho é muita dela! O pouco a que me refiro é lutar por aquilo que está ao meu alcance. Sonhar pequenos sonhos e torná-los realidade é o que quero. 
   Por fim, para onde irei então? Para onde realizarei cada um destes sonhos. E se para cada um terei que traçar uma rota diferente, melhor: maior será a jornada e muito mais rica de conhecimentos, sentimentos e beleza será. A jornada portanto é mais interessante que o destino... 


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Diário de bordo 08/11/2015
RUSSELL B.  Esforço e Resignação. In_____________. A Conquista da Felicidade. Edição especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira - Saraiva de bolso, 2012. p. 172-179.


                                        

"(...) a emoção é muitas vezes um obstáculo para a eficiência. A atitude mais conveniente é tudo fazer da melhor forma possível, mas contando com os acasos. Existem dois tipos de resignação: um se baseia no desespero, e o outro, numa esperança inalcançável. O primeiro tipo é ruim, o sundo, bom. (...)"
"Em contra partida, a pessoa cuja resignação se baseia numa esperança inalcançável age de maneira muito diferente. Para que essa esperança seja inalcançável, precisa ser grande e impessoal, Sejam quais forem minhas atividades pessoais, posso ser derrotado pela morte ou por certas doenças; posso ser vencido por meus inimigos; posso dar-me conta de que trilhei um caminho equivocado que não pode me levar ao êxito. As esperanças puramente pessoais podem fracassar de mil maneiras diferentes, todas inevitáveis; mas se os objetivos pessoais faziam parte de um projeto mais amplo, que diga respeito à humanidade, a derrota não é tão completa quando fracassamos."(p. 176)

"(...) Amar diz respeito a autossobrevivência através da alteridade. (...)"(1)
(1) BAUMAN Z.  Apaixonar-se e desapaixonar-se. In______________ .Amor Líquido. Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. p. 24.



Após ver este vídeo, creio que não preciso dizer absolutamente nada...
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Diário de bordo 11/11/2015

RUSSELL B.  Esforço e Resignação. In_____________. A Conquista da Felicidade. Edição especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira - Saraiva de bolso, 2012. p. 172-179.


arquivo pessoal - Josie M Rocha

"É necessária certa resignação  para ousarmos enfrentar a verdade sobre nós próprios. Este tipo de resignação pode causar dor nos primeiros momentos, mas a longo prazo protege - na verdade, é a única proteção possível - contra todas as decepções e as desilusões a que se expõe aquele que engana a si mesmo. Com o tempo não há nada mais exasperante do que nos esforçarmos dia após dia para acreditar nas coisas que vão se tornando cada vez mais incríveis. E ficarmos livres desse esforço é uma condição indispensável para a felicidade segura e duradoura". (p. 179)  



Hoje, para encerrar este diário de bordo, cito o último parágrafo deste capítulo. Não é um trecho que me impactou durante a leitura do capítulo, ao contrário, precisei reler algumas vezes para desprender o sentido destas palavras. 
Como eu disse à professora, a leitura, em especial desse capítulo, foi um "tapa na cara": a medida que ia (compulsivamente) lendo, minha mente transcendeu de tal forma que me enxerguei por completo nele. Aliás, o livro todo está me proporcionando uma (re)leitura de mim mesma e venho percebendo como eu reflito as mesmas imagens exemplificadas pelo autor.   

Após breve momento de reflexão, decidi associar esta citação a um sentimento que, ao meu ver, resume o conceito de resignação abordado: o perdão.
Não vejo como alguém pode enfrentar suas verdades sem se perdoar. E também não consigo compreender a manutenção da proteção citada pelo autor que não seja formada pelo mesmo sentimento. 
Perdão é o machado que rompe os grilhões da dor. E considerando que a felicidade só existe em nós e que somos a causa e o fim nela mesma, para ser feliz precisamos da resignação conduzida pela perdão. 

Perdoar, ao meu ver, consiste em aceitar que não somos perfeitos, que não podemos atender nem mesmo nossas próprias expectativas (quem dirá então aquelas que projetam em nós!); que só somos o que somos hoje justamente porque erramos ontem e que, principalmente, se temos que perdoar é porquê somos imaturos suficiente para permitirmos sofrer uma decepção. 

Decepcionar-se é uma escolha exclusivamente minha. Eu escolhi confiar mais no outro do que em mim, eu escolhi não confiar em mim quando deveria, eu escolhi não viver na realidade e, por fim, eu escolhi não pagar pelo preço dessas escolhas. O resultado: infelicidade. 

Não digo aqui que encarar os "esqueletos dentro do armário" é tarefa fácil. Se assim fosse, teríamos sublimado a resignação. Afirmo, de acordo com minha experiência pessoal, que quando nos perdoamos (assumindo tanto nossos defeitos como qualidades e abdicando da compulsão em agradar qualquer outra pessoa que não si mesmo), encontramos o caminho da felicidade.



Obrigada.










1 comentários:

Linguagem, Internet e Ensino disse...

Passei por aqui e gostei de vê-la na narrativa!

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